HOME HISTÓRICO LOJA VIRTUAL LOJA TRAJES PARA DESFILE FOTOS NOTÍCIAS VÍDEOS PARCEIROS CONTATO visite nossa Fan page siga-nos no Twitter
   
Em entrevista dono de boiada de rodeio diz que já chorou pelos seus touros
rodeio

A vida de dono de boiada no Brasil, não é fácil, é preciso investir, tratar, cuidar, viajar e manter o nível, mas a paixão fala mais alto e grandes histórias são formadas.

Aos 34 anos de Idade, Fernando Inácio dos Santos, mora no interior de Minas Gerais, na cidade de Paraguaçu. Casado com Viviane, pai de três filhos, Matheus, Ana Laura e Ubirajara, é o proprietário na Cia Fernando Inácio de rodeio.

Conheci Fernando e família durante o rodeio de São Brás do Suaçui (MG), e durante a convivência do final de semana, no Parque Equestre, da Cia Paulo Miranda, onde ficamos hospedados, em Entre Rios de Minas (MG), ele concedeu uma entrevista contando um pouco mais de sua história.

A vida de Fernando é semelhante há muitas histórias no rodeio. Foi competidor na modalidade touros por vários anos, foi criado com seus pais em fazenda. O final da carreira como competidor chegou com uma contusão, porém, ficar longe do rodeio jamais.

Tropeiro Fernando Inácio ao lado do seu caminhão que é todo personalizado / Foto: Arquivo Pessoal

E sua história de dono de boiada começou em uma tarde quando estava comprando bois para um confinamento.

Em meio a 120 touros, um o chamou a atenção. O nome do touro reflete sua situação de escolha: ‘Por Acaso’.

Hoje o touro que foi o primeiro da Cia está aposentado na fazenda, afinal, foi através dele que tudo começou. Confira entrevista:

Eugênio José: Posso começar essa entrevista dizendo que a boiadas foi o ‘motivo’ para estar perto do rodeio?

Fernando Inácio: Sim, foi a paixão pelo rodeio que me impulsionou para fazer a boiada.

EJ: Quando sua primeira boiada iniciou nos rodeios?

FE: Quando eu tinha uma boiada pronta para ir ao rodeio mesmo, foi por volta de 2008 e 2009, começamos pelos rodeios pequenos, mas foi em 2011 que ela chegou no auge, ou seja, estava pronta para grandes rodeios.

EJ: Quantos touros você possui e quais são os principais?

FE: Temos um plantel com 42 touros, sendo FBI, Desordeiro, Balacobaco, Caixa dois e Delírio, um touro novo que está se destacando bem.

EJ: De onde veio o FBI? Você faz touros de rodeio também ou só compra?

FE: O FBI foi uma compra. Eu não faço touros, não sempre compro, geralmente compro garrotes nas fazendas outros touros mais prontos.

Touro FBI – Foto: André Silva

EJ: Qual foi o melhor touro em todos os tempos.

FE: Foi o Xodó, que se destacou muito ano passado, 2013.

EJ: Entre todos os touros que você tem, qual lhe deu alguma alegria especial?

FE: Todos os touros me dão muita alegria, mas ‘FBI’ me deixou muito contente quando deu campeão na etapa da PBR em Londrina este ano.

EJ: A família vai junto sempre?

FE: Quando eu posso, gosto que eles me acompanhem sim, mas as crianças estudam, não é sempre que dá para vir.

Sempre que pode Fernando Inácio leva a família para o rodeio / Foto: Arquivo Pessoal

EJ: Quantos eventos a Cia participa por ano?

FE: Aproximadamente vinte e cinco eventos

EJ: O que é ser tropeiro/dono de boiada para você?

FE: A primeira coisa é ter amor pelos animais, e claro uma satisfação, um sonho realizado, de ter uma Cia reconhecida, sempre quis isso, desde criança, então ser tropeiro hoje é a realização dos meus sonhos.

EJ: Como é seu dia-a-dia com os seus touros. Você os vê todos os dias?

FE: Praticamente todos os dias, eu tenho um serviço na cidade, mas no final da tarde eu vou vê-los no pasto. Alimento eles com silagem de milho e ração balanceada.

EJ: Muito de fala de maus tratos aos touros de rodeio. O que você tem a falar sobre isso?

FE: Não existem maus tratos, não tem como ter, a gente cuida daqueles touros como se fosse um filho da gente.

EJ: Então vou te fazer uma pergunta que nunca fiz há nenhum tropeiro. Se você chegar ao fundo dos bretes e ver alguém maltratando, batendo em um touro seu. O que faria se isso acontecesse.

FE: Rapaz! Nem fale uma coisa dessas. É como se alguém tivesse batendo em um filho meu. Vai dar confusão e da boa ainda, nunca aconteceu, e espero que nunca aconteça, vai dar rolo.

Eu já não aceito maus-tratos, faço tudo para que meus touros não sofram nada, então que nenhuma outra pessoa tente isso, que vai se dar mau.

EJ: Observei que você tem uma pessoa, o Paulo Sergio Ferreira (Chocolate) que puxa a cinta de lã (seden). E você fica lá no manejo. Por quê?

FE: Eu gosto de ficar lá no fundo, embretando os touros com cuidado, cuidando deles.

EJ: Como é ser tropeiro no Brasil, Financeiramente falando.

FE: Bom, nesse caso (financeiro) a coisa é séria. Um touro de rodeio não é barato, é um investimento muito alto.

EJ: Ser tropeiro/dono de boiada é acordar cedo para tratar dos touros, decidir que touro vai pular a noite, ir mais cedo para o rodeio, colocar, embretar os touros para pular e ainda voltar e leva-los ao pasto. É um sofrimento. O que compensa tudo isso?

FE: Ver um touro da gente pulando bem, correspondendo a nossa expectativa, ter um bom desempenho, mas na verdade não consigo explicar a adrenalina que é ver um touro pulando, parece que pulo junto com ele.

Touro Xodó, considerando por Fernando o melhor de todos os tempos da Cia / Foto: André Silva

EJ: Quando um touro se machuca no pasto brigando. Como você fica?

FE: Eu machuco junto com o touro. Sofro junto, fico chateado, eu já cheguei chorar por causa de touro.

EJ: Onde você quer chegar ou chegou a Cia Fernando Inácio?

FE: Eu acredito que chegamos longe, meu objetivo é manter a Cia com o nível que está?

EJ: Pelo que você fala, você já é realizado com número de rodeios e bom seus bois. Esperava chegar onde chegou quando começou?

FE: Nunca, não podia imaginar que chegaria tão longe e tão rápido, isso me deixa feliz.

EJ: Todo dinheiro investido foi compensado?

FE: Pra mim foi, Graças a Deus.

EJ: Compensado com dinheiro ou satisfação?

FE: Acredito que com satisfação, com dinheiro é difícil.

EJ: Ser tropeiro no Brasil hoje é um hobby?

FE: Sim, pra mim é, conseguimos pagar as contas, mas sobreviver de boiada é muito difícil. Os investimentoa são altos, se colocar na ponta do lápis é complicado, mas a gente ama muito tudo o que faz.

Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP

contato@eugeniojose.com.br

Foto: André Silva