Um relato detalhado
sobre os bastidores da mega final mundial da PBR World Finals em Las Vegas
A palavra produção anexada a uma
grande equipe, nos faz lembrar os shows musicais aqui no Brasil, mas nenhuma
produção de show chega perto do que vi na produção da PBR World Finals em Las
Vegas.
Posso estar exagerando, mas
mentindo eu não estou, é muita coisa para apenas oito segundos. É muita coisa
boa, e entendo porque muitos organizadores vão á Las Vegas para aprender,
embora a maioria das coisas seja quase impossível de se aplicar aqui no Brasil,
no quesito organização estamos anos atrás deles, americanos, os caras
simplesmente pensam em tudo, porém serão sempre nossos inspiradores e vejo
muita gente fazendo esforço para trazer pelo menos parte dessa produção para
cá. Embora já tenha falado muita coisa no meu site, venho desta vez nesta
coluna partilhar algo do que vi em Las Vegas, no quesito organização,
bastidores.
Eram 5:59h da tarde em Las Vegas
na quarta-feira, 22, de outubro quando as luzes de apagaram e um alerta
disparou.
Uma gravação avisava que haveria
fogos, barulho, estouros na abertura. ( A PBR Brasil já faz isso por aqui). Na
sequencia os locutores deram as boas vindas, trinta segundos depois o primeiro
competidor já estava sendo chamado. Sem enrolação.
Tudo muito rápido, ordenado e
cronometrado. Em minha primeira viagem aos EUA, eu não ia me contentar em olhar
somente touros e competidores, embora eles fossem o centro de tudo, eu fiquei
observando como tudo aquilo funcionava.
Uma oração rápida, muito
respeito, nem é preciso pedir: “Quem estiver fumando apague o cigarro, ou quem
estiver bebendo largue a latinha”, o respeito é imediato, na sequência o hino
nacional dos EUA, nem precisa falar como esse momento é literalmente
respeitoso.
Ao final do hino, todos os
competidores regressavam ao fundo dos bretes automaticamente. Entrava em cena a
equipe de produção desmontando tudo. Era bonito de se ver.
Doze homens fixos, mas em alguns
momentos ele chegavam a vinte, iam desmontando, desparafusando, guardando,
enquanto os salva-vidas eram apresentados lá em outro canto e mais algumas
palavras dos locutores pronto, já ia sair o primeiro touro.
Ao todo a abertura demorava em
torno de 12 a 15 minutos. E por muitas vezes era impossível acreditar que tudo
que era montado para a ocasião seria desmontado a tempo. Acredite, era muita
coisa.
Para desmontar era rápido sim,
mas montar e elaborar tudo aquilo era necessário horas de trabalho. A produção
do evento iniciava os trabalhos todos os dias as 8:00h da manhã, as vezes as
7:00h, muito trampo para que tudo ficasse bonito aos que se sentavam nas
arquibancadas ou até mesmo acompanhavam pela internet.
Eles chegaram á Las Vegas cinco
dias antes, para descarregar toneladas de equipamentos alocados em várias
carretas.
No mesmo local da sala de
imprensa, em um canto mais separado funcionava uma espécie de escritório, com
assessoria de imprensa, pessoas responsáveis pelo site, redes sociais,
escritores, ranking, etc. Nesse local trabalhava aproximadamente trinta
pessoas.
O rodeio terminava pontualmente
as 20:30h, aproximadamente vinte minutos depois, já era possível ter em mãos um
quarteto de folhas com o resultados diário, ranking atualizado, ranking do
Rookie Of The Year impresso para conferencia.
E na sequencia quando chegávamos
ao bar ou hotel onde era realizado o sorteio ou a escolha, tudo já estava
pronto, com lista nas mãos dos competidores e cenário devidamente ajeitado.
Na arena a sincronia era algo cinematográfico.
Flint o animador coadjuvante de tudo, sabia o segundo exato de começar uma
brincadeira e termina-la, e a porteira abria na sequencia, sempre precisar de
alguém falando ao microfone: “Abriu a porteira”.
As luzes da abertura, as
explosões, em um ambiente fechado, sem ficar sequer um resquício de fumaça após
a execução de tudo.
Lá fora, não se pagava
estacionamento, e mais um show de organização, dezenas de pessoas separando
taxi de carros comuns, indicando exatamente onde era para estacionar ou parar.
Fui de taxi praticamente todos os
dias, hora nenhuma o trânsito ficou engarrafado. Quando você descia, pessoas
segurando os carros nas ruas para sua passagem. Embora eu não tenha sentado nas
arquibancadas, era possível observar os setores e lugares devidamente
sinalizados e mais pessoas indicando o local caso alguém não o soubesse.
Um dia fui até a bilheteria para
auxiliar um amigo que lá conheci para a compra de ingressos, sempre tinha um
lugar, e a orientação era a mesma de qualquer jogo de basquete ou futebol
americano por lá.
Um show de organização e
treinamento com pessoas comprometidas a fazer aquilo que foram designadas. O
espetáculo dos oito segundos era completo sim, porém, muita gente fazia com que
este espetáculo fosse mais do que um touro pulando e um competidor em cima
tentando vencer os oito segundos.
Os juízes ficavam fora da arena,
demorei dois dias para localizar onde eles estavam. Dentro a arena, quatro
salva-vidas, o espaço era pequeno, mais o animador Flint, e o fotografo Andy
Watson. Eram duas câmeras no chão, nos cantos da arena, eu ficava praticamente
em cima de uma, fora os citados tinha ainda os portereiros e duas ou três
pessoas mais, mais o laçador com um cavalo, hora nenhuma eles entravam, ou
passavam a frente das câmeras, eles sabiam exatamente onde deveriam ficar
posicionados.
Nosso espaço de trabalho
(imprensa) era pequeno, mas com cuidados e distribuição e rotatividade todos
conseguiam fazer o seu serviço.
Na parte dos escritores, ou
colunistas, impressionante a rapidez, como ao mesmo tempo que colhiam os
depoimentos da coletiva de imprensa, o release já era montado para disparar
para toda a mídia. Alguns trabalhavam de 16 a 20 horas por dia. (Sei bem como é
isso).
Textos enormes, com diversas
informações, vídeos editados, redes sociais, atualizadas, tudo em nome da
velocidade, informação rápida em nome da montaria em touro, neste caso.
Não tínhamos acesso ao fundo dos
bretes mas, todos os dias, a melhor nota da noite ou mais um ou dois
competidores destaques estavam lá, e todos nós podíamos fazer perguntas, eu não
perdi a chance e perguntei todos os dias.
Lá na imprensa, duas garotas
falam português, Miriaham, e Megan, que recentemente morou no Brasil e nos
ajudavam muito por lá, inclusive na tradução, o mundo podia entender o que
perguntei e o que Silvano respondia, afinal ele foi em quatro das cinco
coletivas.
Um buffet era servido todos os
dias para a imprensa, uma geladeira com refrigerante e agua personalizada com a
foto de JB de um lado e Bushwacker do outro. Nada de tietar competidor lá, era
profissional a coisa, tudo bem que depois que Silvano ganhou, essa regra foi
quebrada.
Sorteio impresso diariamente em
material especial como se fosse um folder, com quatro páginas com informações
da PBR e do round anterior.
Gostando de rodeio ou não é um
espetáculo que eu garanto que vale a pena. Acho até que a PBR/USA, poderia
explorar mais o marketing aqui no Brasil, encontrei muitos brasileiros que
estavam em Las Vegas e não sabiam do evento e ficavam admirados quando eu
falava que estava acontecendo um mundial de rodeio e que o Brasil provavelmente
seria campeão.
Aliás, uma dica para curtir a
festa, já escrita em touro texto, não podemos ser tão nacionalistas, temos que
curtir a país deles, eles aplaudindo e mostrando como gostam das montarias, e
como gostam, torcem mesmo, aplaudem, vibram, gritam, e vale sempre dizer,
depois do rodeio, não tem show sertanejo ou country, é montarias em touros
mesmo. É bonito de ser ver, não adianta eu escrever, só indo e estando lá, eu
acompanho pela internet faz dez anos, vi outras pessoas escreverem, porém só
quando cheguei lá que puder degustar dessa magia que é o rodeio americano.
Uma informação importante é que,
na abertura, quando os competidores são chamados um a um você sente o tanto que
o público gosta de cada um, é como se fosse uma espécie de Fanmometro, uma
palavra que acabei de inventar que seria um termômetro dos fãs.
Na parte das montarias, esse ano,
mais uma vez aconteceu tudo ao contrário do que esperávamos, ou pelo menos que
eu esperava.
Eu acreditava que, João Ricardo,
Fabiano Vieira, Silvano Alves, Guilherme Marchi e Mike Lee, iam round a round
disputar este título. Não aconteceu assim.
Foi a final que mais mudanças
teve no TOP 10, e mudanças significativas. Três competidores dominaram a final.
Silvano Alves claro parou em tudo, e foi sem sombra de dúvidas o ‘cara’ desta
final.
J. B. Mauney (2º) e J. W. Harris
(3º) mostraram porque são os melhores americanos em atividade, e deram um show
de montarias.
Vamos ver agora como ficou o top
10 do ranking mundial e sua mudanças.
1 – Silvano Alves – Chegou a
final em terceiros lugar
2 – João Ricardo – Chegou em
primeiro
3 – Matt Triplet - Se classificou
para a final em sexto lugar
4 – J. B. Mauney – Chegou em 17º
lugar.
5 - Fabiano Vieira - Chegou em
segundo lugar
6 – Eduardo Aparecido – Estava em
nono, ganhou três posições
7 – Mike Lee – Entrou em quinto,
perdeu duas posições
8 – Guilherme Marchi – Perdeu
quatro posições era quarto quando começou
9 - J. W. Harris – Esse foi o
grande destaque, chegou em 31º na final
10 – Cody Nance – Chegou em
sétimo perdeu três posições.
Ficaram de fora do TOP10, L. J.
Jenkins, que era o décimo terminou na 12ª posição e Gage Gay, que entrou em
oitavo e terminou em 11º. Tudo isso se falando em ranking mundial.
O milionário, esporte direciona
muito dinheiro para o competidor por lá, fora os prêmios, os patrocínios são
até assustadores, não vou falar em valores, mas além da grana que é destinada
aos competidores, eles ainda ganham dinheiro quando entram no TOP05, TOP10, na
final mundial, para dar autógrafos, cada marca na camisa daqueles competidores
equivalem a milhares de dólares, as regras também variam, de acordo com cada
acordo, mas é algo inimaginável, porém valorização merecida.
Foi uma experiência impar que
jamais esquecerei, e claro o conhecimento lá adquirido, só nos dá forças, para
lutar ainda mais pelo nosso esporte aqui no Brasil.
É possível melhorar, é possível
valorizar e continuo tentando, não vou desistir do nosso rodeio brasileiro que
hoje domina o mundo.
Foto: André Silva
Fotos e vídeos de Las Vegas: http://instagram.com/eugeniojose
Todos os textos da cobertura: bit.ly/10LRidD
Por Eugênio José – MTB:67.231/SP
contato@eugeniojose.com.br
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